segunda-feira, 30 de maio de 2011

Lavínia...

 LAVÍNIA

Lavínia era como um Sol, aquecendo e iluminando a todos  em   seu redor. E que  eram muitos...
Reunia a família , nós todos, nas festas de fim de ano e outras, com um entusiasmo perene.
Incansável (mesmo cansada), fazia  aqueles almoços saborosos...Comprava presentes para "um milhão" de pessoas,   pondo-os  junto da árvore de Natal.

Ela, Ernani e os filhos, Tia Miryam, Os Gabardo Costa, os  Arns da Cunha, Ady e Guido, Guido Armando.
Mais tarde, noras , genro e netos...

Nessas reuniões comemorativas, muitos risos, ping-pongs de frases espirituosas(entre ela , os filhos e o genro,principalmente). Os  cinco, um pior que o outro...Cada um queria ficar com a  última palavra, era uma disputa só...um  "non-sense" de puro  encantamento...



Há uns dias, recebi  de minha sobrinha  duas  gravações(   reunidas por Guilherme)  de Lavínia, via e-mail: numa falando e noutra cantando; Como a Isa, repeti várias vezes, não queria que acabasse...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Encontro com Brasílio...

"...E foi como professora que conheceu aquele que seria seu marido, Brasílio  de França Costa; o mesmo fora designado para a direção da escola em que trabalhava.

Recordava-se do primeiro dia de setembro, bastante frio, próprio de inverno.

Ao chegar no Grupo, ouvira vozes vindas do gabinete  da Direção. Pensou: "Quem será esse papudo

que  tanto fala"?

Quando entrou no gabinete, ao vê-la, o "papudo" comentou"- Pelo que vejo, o corpo docente dessa

escola é muito bonito! Ao  que Elza retrucou:-O  Sr. não está enxergando bem, pois o tempo está brusco e escuro... Um tanto insolente, mas que talvez tenha cativado ainda mais aquele que viria a ter um grande espaço em sua vida...



Casaram-se em Rio Negro, em oito de setembro  de 1934, no civil. Brasílio Ovídio da Costa e

Nercíndia Bittencourt da Costa(pai e madastra do noivo), e Nair e João Guimarães(irmã e cunhado da

 noiva) foram os padrinhos.

Já na Estação para embarcarem, o pai de Brasílio  chamava a atenção do  filho por ele estar beijando demais a  esposa. Um escândalo para a época...



Iniciaram sua vida de casados em União da Vitória, mas passados dois anos estavam residindo em

Siqueira Campos.

Continuação das lembranças de Elza, em texto de Elsi.

"... Um dia receberam a visita do tio Paolo que, como irmão mais velho de seu pai, tinha grande

autoridade na família.

"Dona" Rosinha pediu a colaboração da filha mais velha para o preparo do macarrão. Elza, apesar dos

quatorze anos, pouco entendia de cozinha; lavou o macarrão antes de cozinhá-lo, o que resultou num

grande "pito" de sua mãe; o tio presenciou a cena, e falou: - Elza vai comigo para União da Vitória. Já

é uma moça e precisa aprender a fazer crochê, tricô e bordado. Ninguém contestou.

Outra etapa começava para ela...

Com o tecido que ganhara do "namorado"( Há uma foto da adolescente ao lado de seus amigos e de Euclides- mais tarde vou postá-.la)

Ao chegar na casa dos tios, ficou deslumbrada com as cortinas da casa e com o dossel da cama do

casal.

Tudo era novo para ela, acostumada com a simplicidade da casa em que morava com seus pais e

irmãos; casa igualmente bem diferente daquela de barro que vira o Sr. Ramón construir em Rio

Uruguai, e que na ocasião lhe parecera tão interessante e singela.

Deu-se muito bem com a prima Julieta, e com as primas e primos ia dançar nos Clubes Apolo(no

Paraná), e Sete de Setembro( em  Porto União, Santa Catarina).

Elza já havia iniciado o aprendizado da dança em Rio Uruguai, pois a mãe  gostava de ir com os filhos

em bailinhos que aconteciam em casas de amigos, nas redondezas. E o pai lhe ensinara os primeiros

passos dos ritmos da época.


Aos quinze anos, era uma adolescente bonita e, naturalmente, o atraiu a atenção dos moços. Um deles,

O.U., quis namorá-la e pareceu, para o tio, um bom partido.Tanto, que acabou ficando noiva, contra

 sua vontade.

Não gostava do rapaz, e era uma menina, sem grandes compromissos com a vida. Quando foi o

noivado, sua tia punha-lhe um laço de fita nos cabelos, ela o tirava; isto muitas vezes, até a tia dizer que ia chamar o patriarca.

Quando O. quis beijá-la, não só recusou, como reagiu empurrando- com força; uma coroa da boca do jovem se soltou, saindo sangue.

Por sorte, o tio achou que ela tinha razão. E o noivado se desfez...

Para humilhação do pretendente, saiu no jornal da terra: "Elza é boa de boxe..."


Julieta casou-se com Antonio Callado, um jornalista de Florianópolis, e quis que a prima  fosse junto

 em sua viagem de lua-de-mel para essa cidade, após o casamento!

Todos enjoaram no vapor, menos Elza. Um rapaz que também viajava, disse-lhe: -A Srta. vai afundar o navio...

 Pois, nessa fase, ela era  rechonchuda...

Ficaram na casa da mãe de Callado, e ao verem inúmeros pássaros num viveiro, Elza, que não

suportava vê-los aprisionados, disse para a prima que os soltassem; e assim fizeram...

Então, adeus, adeus ,passarinhos...

 Elvira, a prima mais velha, falou para Elza sobre a possibilidade de um emprego como professora, e se

prontificou a acompanhá-la à Escola.

Elza sempre se referiu à Elvira, e à Júlia Catapreta, como as duas pessoas que a encaminharam para a

profissão.

Em 1929, com 20  anos, iniciou sua vida profissional no Grupo Escolar Prof. Serapião, lembrando-se

com carinho da Diretora, Amazília, e das muitas amigas que fizera lá, entre as quais Hilda, Maria José

Franque(Zeca), Cotinha.

Não  fizera curso específico, mas desde logo demonstrou  vocação para o magistério.Adorava

alfabetizar  e lecionar para os pequenos do Jardim da Infância...



..

Continuação sobre a infância e adolescência de Elza...


(texto de Elsi)

"...As poucas casas ficavam próximas da estação ferroviária. Uma delas serviu de moradia para a

família.

Mas, como era pequena, o pai teve de aumentá-la;construiu primeiro um cômodo, e como continuasse

a ser pequena  para todos, anexou do outro lado um vagão de trem.

Elza sempre recordava dessa estranha casa, pelo exterior engraçado, que parecia uma ave ou avião

com uma das asas  menor, pois não havia equilíbrio estético.

Trens iam e vinham todos os dias, exercendo fascínio nas crianças(Elza, Antônio(Nêne),Ida, Nair e

Idê). Do R. Grande do Sul a São Paulo, cortando quatro estados, viagens longas, exigiam carros-leitos e

restaurante. Quando paravam em  R. Uruguai, as crianças ficavam encantadas com os

passageiros:mulheres de chapéu, homens de gravata, crianças com lindas roupas. Elza, logo que teve

oportunidade, entrou num vagão, e ao se ver no espelho do lavabo, pode ver como havia crescido.

 Espelho grande não havia em sua casa, Era o rio, ou cacos de vidro, que lhe forneciam a imagem: uma

pré-adolescente que ainda conservava muito da criança que fora.Tão graciosa e bonita, que numa certa

vez, ao passar ali, uma família quis adotá-la-la; essa família, mais tarde se soube, era de muita

importância e com haveres. Mas  ainda bem que seus pais não concordaram.

Em R. Uruguai nasceram Paulo(Lele) e Romeu.Mais tarde nasceria Raul.


Às vezes o rio crescia com as enchentes e todos ficavam preparados para abandonar a casa. As

 crianças, com suas trouxas de roupa, ficavam excitadas, e até queriam que o rio  transbordasse, pois

iriam  no trem. Mas nunca foi necessária a debandada.

O pai, filho de agricultores, tinha com a terra uma bonita relação, e pedia auxílio dos filhos quando ia

 semear.

Elza lembrava-se das muitas  vezes em que ia  pondo sementes na terra por ele preparada.

Com a adolescência surgiram algumas necessidades para  a nossa protagonista, e para comprar meia de

 seda e fivelas para o cabelo, vendia peixes, que pegava pelas guelras no "pári "que havia no rio. O Sr.

 João Vieira era o cliente preferido.Ela também costumava visitar os amigos D., Bega e o marido em

 Perdizes; numa das ocasiões em que lá esteve conheceu, e se apaixonou ,pelo Agente da Estação,

Euclides. Ficou impressionada com o uniforme que ele usava:de cor azul com botões dourados.Ele

também ficou impressionado com ela e a presenteou com uma caixa de pó-de-arroz "Cashmere

 Bouquet" e um corte de fazenda que trouxera de Marcelino Ramos.


Quando foi transferido deixou-lhe uma carta, na qual dizia ter sido ela o seu último amor, e que talvez

 tivesse sido , dela, o primeiro amor...

Continuando as reminiscências de minha mãe sobre sua infância e adolescência...

(trechos de autoria de Elsi)

..."Com a transferência para o Rio Uruguai, nova mudança para a família. A mãe(Rosinha) não gostou,
pois estava acostumada com a cidade, onde residiam alguns familiares, e as crianças estavam adaptadas. A cidade de Rio Uruguai ficava no extremo sul de Santa Catarina, quase nos limites com o Rio Grande do Sul. No meio do caminho ficava União da Vitória, onde moravam Paolo e Júlia(irmãos  e cunhados de João Baptista e Rosa); Paolo ocupava cargo de importância na Rede Ferroviária.
O casal foi esperá-los na Estação, levando cestas com alimentos e roupas, e doces para as crianças, pois pela frente havia um longo caminho ainda.

Chegaram à noite em Rio Uruguai, pequenino lugar encravado entre morros.Poucas casas, dois armazéns(um de fazendas, outro de mantimentos), um hotelzinho, a  estação ferroviária ,e mais nada.
Macacos(bugios) urravam à tardinha, e no princípio chegara a amedrontar.

Logo, porém, todos estava incorporados à paisagem, na qual o rio era o grande protagonista. E o lugar, embora muito pequeno, transformou-se para eles no melhor lugar do mundo.Um verdadeiro paraíso...

As crianças e o rio, que dera nome ao lugar, fizeram uma parceria de sonhos e encantos. Um rio sem poluição, com muitos peixes(Elza os pegava com as mãos), pedras e muita história, se tornou para as crianças, no melhor e mais inesquecível dos amigos...