segunda-feira, 23 de maio de 2011

Continuação sobre a infância e adolescência de Elza...


(texto de Elsi)

"...As poucas casas ficavam próximas da estação ferroviária. Uma delas serviu de moradia para a

família.

Mas, como era pequena, o pai teve de aumentá-la;construiu primeiro um cômodo, e como continuasse

a ser pequena  para todos, anexou do outro lado um vagão de trem.

Elza sempre recordava dessa estranha casa, pelo exterior engraçado, que parecia uma ave ou avião

com uma das asas  menor, pois não havia equilíbrio estético.

Trens iam e vinham todos os dias, exercendo fascínio nas crianças(Elza, Antônio(Nêne),Ida, Nair e

Idê). Do R. Grande do Sul a São Paulo, cortando quatro estados, viagens longas, exigiam carros-leitos e

restaurante. Quando paravam em  R. Uruguai, as crianças ficavam encantadas com os

passageiros:mulheres de chapéu, homens de gravata, crianças com lindas roupas. Elza, logo que teve

oportunidade, entrou num vagão, e ao se ver no espelho do lavabo, pode ver como havia crescido.

 Espelho grande não havia em sua casa, Era o rio, ou cacos de vidro, que lhe forneciam a imagem: uma

pré-adolescente que ainda conservava muito da criança que fora.Tão graciosa e bonita, que numa certa

vez, ao passar ali, uma família quis adotá-la-la; essa família, mais tarde se soube, era de muita

importância e com haveres. Mas  ainda bem que seus pais não concordaram.

Em R. Uruguai nasceram Paulo(Lele) e Romeu.Mais tarde nasceria Raul.


Às vezes o rio crescia com as enchentes e todos ficavam preparados para abandonar a casa. As

 crianças, com suas trouxas de roupa, ficavam excitadas, e até queriam que o rio  transbordasse, pois

iriam  no trem. Mas nunca foi necessária a debandada.

O pai, filho de agricultores, tinha com a terra uma bonita relação, e pedia auxílio dos filhos quando ia

 semear.

Elza lembrava-se das muitas  vezes em que ia  pondo sementes na terra por ele preparada.

Com a adolescência surgiram algumas necessidades para  a nossa protagonista, e para comprar meia de

 seda e fivelas para o cabelo, vendia peixes, que pegava pelas guelras no "pári "que havia no rio. O Sr.

 João Vieira era o cliente preferido.Ela também costumava visitar os amigos D., Bega e o marido em

 Perdizes; numa das ocasiões em que lá esteve conheceu, e se apaixonou ,pelo Agente da Estação,

Euclides. Ficou impressionada com o uniforme que ele usava:de cor azul com botões dourados.Ele

também ficou impressionado com ela e a presenteou com uma caixa de pó-de-arroz "Cashmere

 Bouquet" e um corte de fazenda que trouxera de Marcelino Ramos.


Quando foi transferido deixou-lhe uma carta, na qual dizia ter sido ela o seu último amor, e que talvez

 tivesse sido , dela, o primeiro amor...

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