No álbum...
No álbum que me deu, mamãe transcreveu a seguinte poesia-prosa, do grande poeta indiano Rabindranath Tagore:
NASCER
" De onde vim eu? Onde me achaste tu?" perguntava a menina a sua mãe. E entre falando e rindo, ela respondeu, apertando-a nos braços:
Tu estavas como um desejo, escondida em meu coração; eras a boneca com que eu brincava em criança e as lindas figuras de santas que me encantavam e que eu beijava, eras tu.
Estavas no mesmo altar do meu Deus. Adorando-o, era a ti que eu adorava.
Vivias nas minhas esperanças, em tudo o que eu amava, em toda a minha vida.
Quando meu coração de moça desabrochava, como uma flor perfumosa, tu estavas lá dentro.
Teu corpo delicado floria como o clarão da alvorada antes do despontar do sol.
Enquanto comtemplo teu rosto me afundo no mistério: tu pertences a tudo que se tornou meu.
Pelo terror de perder-te, eu te aperto contra o meu seio.
Que milagre permitiu o poder de prender-te em meus braços, tesouro meu?"
Para você, Maria Cristina, filha muito querida, com todo carinho oferece a mamãe.
Rio Negro, 25 de abril de 1949.
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