segunda-feira, 17 de maio de 2010

Em Rio Uruguai...

As poucas casas ficavam próximas da Estação Ferroviária. Uma delas serviu d

de moradia para a família. Como era pequena, o pai teve de aumentá-la;

construiu primeiro um cômodo e, como continuasse a ser pequena para todos,

anexou do outro lado um vagão de trem. Elza sempre se recordava desta

estranha casa , pelo exterior engraçado que mais parecia uma ave ou avião

com uma das asas cortadas.

Trens iam e vinham todos os dias, exercendo fascínio nas crianças(Elza, Antônio, Ida, Nair e Idê).

Do R. Grande do Sul a São Paulo e de São Paulo ao Rio Grande do Sul,

cortando 4 estados; viagens longas que exigiam carro-leito e restaurante,

e quando paravam em Rio Uruguai as crianças ficavam encantadas com os

passageiros: mulheres de chapéu, homens de terno e gravata, meninas com

lindos vestidos.

Nossa protagonista logo que teve uma oportunidade entrou no trem, e ao

ver-se no espelho do lavabo pôde verificar como havia crescido.Espelho não

havia em sua casa, apenas os vidros das janelas e o rio que lhe forneciam

sua imagem.

Em Rio Uruguai nasceram Paulo(Lele), e mais tarde Romeu.

Alguns fatos desta época ,sempre lembrados por Elza: às vezes o rio crescia

com as enchentes e todos ficavam preparados para abandonar a casa.As crianças , com suas trouxas de roupas, ficavam excitadas, e até queriam que

o rio transbordasse, pois iriam embora no trem .Mas nunca foi necessária a debandada.
O pai, filho de agricultores, tinha com a terra uma bonita relação e pedia ajuda dos filhos quando ia semear.Sua filha mais velha, por ele

chamada de "Pimpa", lembrava-se das muitas vezes em que ia colocando sementes na terra por ele preparada.

Com a adolescência surgiram algumas necessidades para Elza, e para comprar meia de seda e fivelas para o cabelo, vendia peixes, que pegava pelas guelras no" páris" que havia no rio. O Sr. João Vieira era o cliente preferido.

Costumava visitar "Dona Bega"em Perdizes, e numa das vezes em que lá esteve, conheceu, e se" apaixonou", pelo Agente da Estação, Euclides B.
Ficou impressionada com o uniforme que ele usava: azul, com galões dourados.

O moço retribuiu a afeição e a presenteou com uma caixa de pó-de-arroz Cachemir Bouquet e um corte de fazenda que trouxe de Marcelino Ramos.

Logo, porém, foi ele transferido, e lhe deixou uma carta na qual dizia que ela tinha sido o último amor de sua juventude. Para Elza, no entanto, ele foi o primeiro amor.

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