segunda-feira, 12 de outubro de 2009

trechos de cartas

Fiquei Tanto tempo sem vir aqui, que até perdi o fio da meada.É que são tantas coisas para contar, ou dizer... Tenho organizado cartas e papéis, mas acabo me perdendo; e chorado muito. Enfim, essa memória sentimental,à qual sou tão apegada, precisa continuar.
Aleatoriamente, peguei uma carta do "Polaco", dirigida à "Polaca" (como chamavam à Elsi, lá em casa). Vamos aos trechos mais significativos:

Mandaguari, 7 de setembro de 1956.

Querida filha

Bom dia! nobre e delicada polaca de meu coração! Devem ser umas dez horas.
Acordei-me com os sons da banda de música local, como se fôra o despertar de uma nação, confiante em sua nova geração.Tocaram o hino nacional e verifiquei a minha consonância de coração com sua letra e música; a imagem de você, nítida, permaneceu comigo, antevendo-lhe renome como educadora das lides pedagógicas do porvir.E marchava ufana, mas serena,com o puro coração cheio de civismo esclarecido e fraterno, estado de ânimo que lhe auguro vida em fora, a fim de poder se tornar pioneira da escola do futuro.Menos precisas eram as imagens de suas irmãs, em o meu pensamento, sempre igual o sentimento paternal, porque só você tem se dedicado ao problema de educação, só você de perto sente o "Pensai na educação", do Dr. Miguel Couto.Ao levantar-me hoje, projetei tirar fotografias do desfile para lhe enviar, mas a máquina trabalhou de amiga da onça e o botão não quis funcionar.

Efetivamente, agora v. tem acúmulo de tarefas, quebra até a lei dos três oito; já ouviu falar em a lei citada?Oito horas para trabalhar, oito p. se divertir e oito p. dormir....


Fiz uma modificação radical em nossa casa daqui. Principalmente em o escritório; primeiro, logo depois da porta, havia colocado um terno estufado, ora em outro lado da sala, entre duas janelas, uma da frente e outra e outra do lado da casa vizinha. Só conservei em o mesmo lugar o arquivo de pastas e documentos, no canto da sala, entre as duas janelas citadas. O armário maior de livros, antes encostado à parede em frente à porta de entrada, passei p. onde estava o menor, da biblioteca Osvaldo Cruz; mas separei-o bem da parede, fazendo assim pequeno corredor,em cuja parede, dividindo com meu quarto de dormir, um moço carpinteiro fez quatro suportes-prateleiras, para colocar os carimbos com as diversas frases sobre o livro.Junto com o terno estufado ainda há mesinha para livros.Um pouco para o lado direito afixei dois quadros de Durval Serra, sendo um da Igreja Colonial de Paranaguá. O outro ,de óleo, com a tinta feita com a própria terra do norte do Paraná, um casamento de caboclo, com a noiva e os convidados em um caminhão, o véu branco esvoaçando ao vento; o noivo com roupa toda azulão e enorme chapéu à cabeça, meio abstrato como se estivesse sonhando, enquanto que sua noiva já está com olhar de dona de casa. Em a outra extremidade da parede, a bicicleta, boa filha e madastra...

Meus parabéns ,e fico muito orgulhoso de você.
Como prometi, irei começar o discurso, depois v. refunde-o, ou, se entender, de lê-lo tal como irei mandar, com antecedência de um mês...

Estou, como sempre, muito, muito orgulhoso pelas suas vitórias e notas.Como foi de prova de Psicologia?...

Logo irão o feijão e o café...Estou com sono, vou ler e dormir. Continuarei amanhã,
quando tbém escreverei p. a "Gringa".


Bom dia! São 11 e 30 minutos.Há 22 anos, sentia o coração pleno de alegria e entusiasmo e orgulho. Um desejo imenso de bailar com todos, cantar um marcha de glória, beijar, em pensamento e às faces de sua mãe, toda a humanidade.Foi o dia mais solene de minha vida, porque o do meu único amor como homem e como animal pensante e sensitivo.O dia vai ser de nobres recordações de minha vida. Há momentos fiz dedicatória a Dona Elza, pelo dia de hoje,do livro de viagens, Paris, melhor, itinerário sobre a França.A dedicatória possibilitou nova frase sobre o livro:" O LIVRO É VIAGEM PARADA, DENTRO DO ACONCHEGO E CARINHO DO LAR, PELOS CAMINHOS DO MUNDO ."...

Acabam de tocar em o rádio, "Quando os lírios florescem".Não sei se foi o dia, a semana da primavera, recordação viva das únicas primaveras de minha vida, o certo é que o rádio mais afinou a imensa saudade de formoso sonho. Beijos, abraços e saudades, do pai e amigo de sempre.

Brasílio.

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