sexta-feira, 2 de julho de 2010

Continuação das lembranças de Elza

... Kaiser.

Eu sempre ia à escola acompanhada por uma amiga chamada Ondina.
Uma vez, porém, estava voltando sozinha, e um cachorro avançou, grudando com
seus dentes na barra de minha saia pregueada de estudante.Por mais que
gritasse, o cachorro não desgrudava. Fiquei apavorada; desde aquela ocasião
passei a ter muito medo desses animais.
Um senhor que estava num bar veio em meu auxílio e livrou-me do cão.

Recordo que ia na cerca e olhava as casas vizinhas, as quais estavam
todas fechadas. Perguntando para minha mãe o porquê daquilo, ela
explicou que era por causa da gripe espanhola, que estava matando muitas
pesssoas.

Mas em nossa casa não houve esse problema, porque meu pai pegou um barril
com água e pôs quina branca, fazendo com que nós só tomássemos aquela água.

Meu pai era um homem alto, grandão e muito ereto, bonito mesmo, e de
presença marcante, espirituoso. Amoroso, me chamava de "Pimpa".
Quando fomos morar num lugar do interior, ele deveria consertar muitas
máquinas velhas,pois entendia de mecânica; também sabia fazer móveis e
casas, era bastante habilidoso.
Já minha mãe era miudinha, simples e ingênua, e muito apegada à família.

... Tive um sonho, certa vez, no qual ia indo para o Colégio com minha
amiga.
A rua tinha uma descida com um riacho ao lado, e suas margens eram de
areia. De repente, minha amiga desapareceu, ficou um pouco escuro...
Vindo do rio, um Anjo, do tamanho de um homem, com roupa azul e branca(não
lembro se tinha asas). Pegou minha mão e levou-me até um lugar de areia,
dando-me uma espumadeira da ágata azul e branca e riscou uma roda no chão,
mandando que eu cavasse, sumindo em seguida.Após cavoucar um pouco,
apareceu a alça de uma panela; tirei mais um pouco de areia e surgiu uma
panela bem grande também azul e branca, cheia de moedas grandes, cor de
ouro.

... Tirei, no sonho, a panela, e pus no braço, voltando para casa; porém
mesma estava tão pesada que resolvi parar e colocá-la no chão.
Nesse instante acordei.
Noutro dia contei o sonho para meus pais, e meu pai disse para irmos à noite
no local do sonho para cavoucarmos e talvez achar as moedas; mas minha mãe
meteu-me medo, dizendo que no momento em que fôssemos, todo mundo dizia,
haveria uma forte ventania e apareceria o demônio. Diante disso, me
apavorei e não quis mais ir...


...Fiz a primeira comunhão no Colégio das freiras onde estudava. Ganhei a
fazenda para o vestido, de minha madrinha;era de algodão com florzinhas de
seda. Minha mãe disse que ia mandar fazer o vestido de gandola- uma saia e
um blusão abaixo da cintura, havendo casas nas quais passavam fitinhas
que davam laços nos lados.
Papai comprou-me um sapato de verniz preto, raso, com uma pedrinha brilhante
na gáspea, para o qual eu ficava olhando, embevecida,tão lindo o achava.
O véu e a grinalda as freiras emprestaram, e essa parte foi arrumada no
Colégio.
Minha mãe me falou que eu ia receber a hóstia, que não podia engolir nem
mastigar.Mas a hóstia grudou no céu da boca, e na hora da mesa do café,
ainda estava lá; eu, com grande medo de pecar, engolindo a mesma.

... Outro fato que recordo desta fase em Ponta Grossa foi aquele dos
gafanhotos. Meu pai chegou em casa e nos mandou bater tampas de panelas e
latas no quintal e na horta, para espantar os gafanhotos, que estavam vindo
em bando.
Quando nós, crianças ,os vimos, corremos assustadas para dentro de casa. Éramos quatro:eu, Nêne, Ida e Nair.
Os bichos comeram todas as verduras; também, pudera, eram como uma nuvem
espessa...

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial