quinta-feira, 12 de julho de 2012

Coincidências... e uma história de amor...

Estou lendo a"História de Rio Negro"de Raul de Almeida.
Ernani Straube, meu cunhado e primo, no prefácio ao livro de Ayrton Celestino, "Rio  Negro, sua Gente, seus Prefeitos", assim dizia: "Falar ou escrever sobre Rio Negro constitui sempre feliz oportunidade para relembrar a década de cinquenta, quando cheguei à cidade para iniciar a vida profissional, passar dias felizes, noivar, e casar na Igreja Matriz.
Lembrar é trazer para o presente as alegrias do passado.
É recordar a presença de meus ancestrais, o bisavô Militão da Costa que, designado  para o Registro de Rio Negro e outras funções, em 15 de novembro de 1870, como Camarista(Vereador), assinou a ata de elevação de Rio Negro à condição de vila, a sua emancipação política e administrativa.
É imaginar meu avô, Brasílio Ovídio da Costa, seu filho, passando a infância nessa cidade, correndo pelas ruas sem calçamento, no Campo do Gado, no Potreiro, admirando as corredeiras do rio Negro, vendo o embarque e desembarque de mercadorias nos barcos de roda, acompanhado dos irmãos e da
tia, professora na  Escola de sua outra tia Anna Josefa da Costa que, casada com o Coronel Joaquim Teixeira Sabóia, veio a falecer de parto...."

Pois, no livro que estou lendo, vejo citados meus parentes por parte de pai, os Faria.
...Segundo é  do nosso conhecimento,os demais jornais editados em Rio Negro foram, em todo o tempo,os seguintes: "O Rionegrense" (primeiro deles) aparecido em 6 de novembro de 1898, sob a responsabilidade de Maximiano Faria; "O Rio Negro", surgido em 1907, sob a orientação de Maximiano Faria Júnior e Roberto Faria...
....Roberto Faria foi o intelectual  que  pontificou na vida literária rionegrense na primeira década deste século. Filho de José Maximiano de Faria, herdou deste o gosto pelas letras, pelo jornalismo . Redatou e dirigiu o jornal "O Rio  Negro" em 1907, com seu irmão Maximiano Faria Júnior.
Sua irmã Elvira, também intelectual, consorciou-se com o mestre paranaense (e historiador) Sebastião Paraná, que tão gratas lembranças deixou no seio do magistério do Estado.
 Como pálida amostra dos méritos literários de Roberto Faria, basta-nos transcrever  o que está esculpido em seu túmulo, no cemitério de Rio Negro, para perpetuar a sua memória:

                                "Só quem conhece a selva ao cair da tarde,
                                  avalia a sua tristura.
                                  O sol, o velhinho caduco da pitoresca lenda
                                  slava, fatigado da longa viagem, recolhia-se
                                  ao seu trono, para no dia seguinte sair
                                  novamente, rejuvenescido, e loiro
                                  e belo, e jovial..."



...Minha mãe, Elza Gabardo Costa, sempre que íamos ao cemitério de Rio Negro, queria passar por este túmulo, para lermos e relermos a poesia, que ela achava linda  e emocionante...

Meu pai, (que foi aluno de Sebastião Paraná...) em uma de suas cartas, contava-nos  a história de amor de Elvira e Sebastião:

Dizia ele que Elvira viera morar na casa de meu avô Brasílio Ovídio da Costa, para poder cursar o 
Magistério; esta casa, na r. André de Barros, vizinhava com a de Sebastião Paraná.
Primeiro foram os olhares,e daí ao namoro e união...

 Mas a doença da época, muito comum nos poetas e românticos....

dizimou, infelizmente, toda a família dos Faria... inclusive Elvira, que pouco viveu o seu sonho de amor...


( Soubemos também que , por muito tempo, ninguém quis alugar ou comprar a casa dos desditosos irmãos, casa que ficava bem próxima da que nós moramos posteriormente, na r. Coronel Joaquim Sabóia- aquele que casou-se  com a tia de meu avô....)


Então: não são muitas as coincidências?