quinta-feira, 28 de maio de 2009

São três horas e três minutos de 28-05-09, e não o horário que aparece no post.

No álbum...

No álbum que me deu, mamãe transcreveu a seguinte poesia-prosa, do grande poeta indiano Rabindranath Tagore:


NASCER

" De onde vim eu? Onde me achaste tu?" perguntava a menina a sua mãe. E entre falando e rindo, ela respondeu, apertando-a nos braços:

Tu estavas como um desejo, escondida em meu coração; eras a boneca com que eu brincava em criança e as lindas figuras de santas que me encantavam e que eu beijava, eras tu.
Estavas no mesmo altar do meu Deus. Adorando-o, era a ti que eu adorava.
Vivias nas minhas esperanças, em tudo o que eu amava, em toda a minha vida.
Quando meu coração de moça desabrochava, como uma flor perfumosa, tu estavas lá dentro.
Teu corpo delicado floria como o clarão da alvorada antes do despontar do sol.
Enquanto comtemplo teu rosto me afundo no mistério: tu pertences a tudo que se tornou meu.
Pelo terror de perder-te, eu te aperto contra o meu seio.
Que milagre permitiu o poder de prender-te em meus braços, tesouro meu?"

Para você, Maria Cristina, filha muito querida, com todo carinho oferece a mamãe.

Rio Negro, 25 de abril de 1949.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Fiz uma postagem anterior a esta última que aparece, mas não sei como despareceu; era o que
mamãe tinha escrito ao me dar um álbum de recordações; fica para amanhã...
São 20:15, e não como aparece...

Em meu álbum de recordações

Papai também escreveu naquele álbum:

A você, caçula de meu coração, com gratidão pelo seu exemplo inesquecível, ofereço este trabalho. Do Pai, Brasílio.

" A Caçulinha da Choupana da Primavera"

Havia, outrora, em a Grécia do século de Péricles e dos dias claros, azues e serenos, três irmãs, sempre unidas a uma formosa e infatigável mãe. Sorrindo , cantando e dançando, recebiam as lições simples da virtude de ser bom e trabalhador. A mais velha era clara, alta, de inteligência brilhante; a segunda, quase loura, como trigo maduro, recordava o mar, em seus olhos , e a cisma das noites estreladas, mui sensível e sonhadora. A terceira, fiel retrato de sua genitora, era meiga,infatigável, tipo moreno, romântica, de olhos castanhos, sonhadores. Em tudo reproduzia a mãe. O pai era um lutador contra os azares da sorte.
A graça das três irmãs atraía a simpatia dos que as viam, porque também eram gentis e delicadas para todos, igualmente.
Um dia, a caçula, que muito amava o pai e, em seu arroubo de criança, o chamara de "o melhor pai do mundo inteiro", sem que prometesse ao genitor, foi estimulada a ocupar o primeiro lugar e servir de exemplo de correção para toda a família.Seu esforço foi tão comovente que a mãe ,desanimada da árdua luta, começou a ver em a vida a alegria de viver, e desdobrou-se tanto, que acabou se tornando modelo das mães e costumava parafrasear Cornélia, dizendo que todo o seu tesouro e jóias eram suas filhas.
Assim, as irmãs Gakos tornaram, pelo exemplo, quando mulheres, a Grécia um país célebre pela conduta de seu povo e de sua cultura altruísta. O pai da caçulinha sofreu injustiças, mas convencido por tão expressivo esforço de criança, jamais desanimou, tendo somente como compensação o paradigma encantador do labor de suas excelentes filhas. A mãe, esta sim, foi feliz, porque nunca se afastou de suas filhas...

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Palmeira

Meu pai, em cartas à minha mãe e ao meu avô, assim se referia à cidade de Palmeira, onde posteriormente moramos:



Palmeira, outubro de 1943.





.... Palmeira, sonho, silêncio e sono!Palmeiras, pinheiros, cenas idílicas, casas coloniais desocupadas e outras caindo, amplas janelas como olhos abertos de almas puras, lavadeiras nos riachos, mulheres carregando água dos chafarizes; sino dolente, vento uivante e águas cantantes.

... Bela igreja colonial que lembra Vila Rica e Marília e Dirceu; uma avenida iluminada para a Estação, o imponente Grupo Jesuíno Marcondes, três praças iluminadas e bem ajardinadas; um parque infantil.

...Uma placidez muda de sonho e meditação. Singelos panoramas de poesia; murmúrios suaves de regatos e cachoeiras;farfalhar de palmeiras; mil sons indistintos, sino dolente e noites calmas e silenciosas.



A música da brisa, uma cidade que parou, que dorme, e acolhe a bela adormecida! Eis Palmeira! Um paraíso!



Ele não era um poeta?...

D. Elza foi uma moça alegre...

D. Elza foi uma moça alegre. No decorrer de sua vida, apesar dos problemas e sofrimentos, assim foi. Mas, se muitas vezes chorou, em decorrência deles, com o tempo foi se tornando mais forte , e chorava, talvez, sem lágrimas.

Mas houve três vezes que ficaram marcadas em minha memória- a primeira, -"por amor ao meu pai", quando eu era muito pequena, após uma despedida em que ele ficava, e nós duas íamos de trem para Rio Negro( sim, eu sou desse tempo...). Só recordo que as lágrimas foram tantas que fiquei com o coração apertado.

Na segunda vez, quando viemos morar em Curitiba ,em 1960; estávamos as duas no novo endereço, quando ela chorou, sentidamente, de "saudades" de seus amados casa e quintal em Rio Negro. Essa casa, que havia comprado pela Caixa Econômica e pago em prestações descontadas na folha de pagamento de professora, era a realização de seu sonho de segurança e motivo de encantamento pelas plantas e flores que havia cultivado.

Na terceira vez, eu a vi chorar por " tristeza", ao ver os cinco pinheiros existentes no mesmo terreno( que haviam sido plantados pelo "Polaco" e representavam a nossa família de 5 pessoas) serem cortados a pedidos de vizinhos, depois de cumpridas as exigências de órgão fiscalizador. Eram pinheiros lindos, próximos uns dos outros... Agora separados para sempre, como nós... Ou não?...