Continuação das lembranças de Elza, em texto de Elsi.
"... Um dia receberam a visita do tio Paolo que, como irmão mais velho de seu pai, tinha grande
autoridade na família.
"Dona" Rosinha pediu a colaboração da filha mais velha para o preparo do macarrão. Elza, apesar dos
quatorze anos, pouco entendia de cozinha; lavou o macarrão antes de cozinhá-lo, o que resultou num
grande "pito" de sua mãe; o tio presenciou a cena, e falou: - Elza vai comigo para União da Vitória. Já
é uma moça e precisa aprender a fazer crochê, tricô e bordado. Ninguém contestou.
Outra etapa começava para ela...
Com o tecido que ganhara do "namorado"( Há uma foto da adolescente ao lado de seus amigos e de Euclides- mais tarde vou postá-.la)
Ao chegar na casa dos tios, ficou deslumbrada com as cortinas da casa e com o dossel da cama do
casal.
Tudo era novo para ela, acostumada com a simplicidade da casa em que morava com seus pais e
irmãos; casa igualmente bem diferente daquela de barro que vira o Sr. Ramón construir em Rio
Uruguai, e que na ocasião lhe parecera tão interessante e singela.
Deu-se muito bem com a prima Julieta, e com as primas e primos ia dançar nos Clubes Apolo(no
Paraná), e Sete de Setembro( em Porto União, Santa Catarina).
Elza já havia iniciado o aprendizado da dança em Rio Uruguai, pois a mãe gostava de ir com os filhos
em bailinhos que aconteciam em casas de amigos, nas redondezas. E o pai lhe ensinara os primeiros
passos dos ritmos da época.
Aos quinze anos, era uma adolescente bonita e, naturalmente, o atraiu a atenção dos moços. Um deles,
O.U., quis namorá-la e pareceu, para o tio, um bom partido.Tanto, que acabou ficando noiva, contra
sua vontade.
Não gostava do rapaz, e era uma menina, sem grandes compromissos com a vida. Quando foi o
noivado, sua tia punha-lhe um laço de fita nos cabelos, ela o tirava; isto muitas vezes, até a tia dizer que ia chamar o patriarca.
Quando O. quis beijá-la, não só recusou, como reagiu empurrando- com força; uma coroa da boca do jovem se soltou, saindo sangue.
Por sorte, o tio achou que ela tinha razão. E o noivado se desfez...
Para humilhação do pretendente, saiu no jornal da terra: "Elza é boa de boxe..."
Julieta casou-se com Antonio Callado, um jornalista de Florianópolis, e quis que a prima fosse junto
em sua viagem de lua-de-mel para essa cidade, após o casamento!
Todos enjoaram no vapor, menos Elza. Um rapaz que também viajava, disse-lhe: -A Srta. vai afundar o navio...
Pois, nessa fase, ela era rechonchuda...
Ficaram na casa da mãe de Callado, e ao verem inúmeros pássaros num viveiro, Elza, que não
suportava vê-los aprisionados, disse para a prima que os soltassem; e assim fizeram...
Então, adeus, adeus ,passarinhos...
Elvira, a prima mais velha, falou para Elza sobre a possibilidade de um emprego como professora, e se
prontificou a acompanhá-la à Escola.
Elza sempre se referiu à Elvira, e à Júlia Catapreta, como as duas pessoas que a encaminharam para a
profissão.
Em 1929, com 20 anos, iniciou sua vida profissional no Grupo Escolar Prof. Serapião, lembrando-se
com carinho da Diretora, Amazília, e das muitas amigas que fizera lá, entre as quais Hilda, Maria José
Franque(Zeca), Cotinha.
Não fizera curso específico, mas desde logo demonstrou vocação para o magistério.Adorava
alfabetizar e lecionar para os pequenos do Jardim da Infância...
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